quinta-feira, 17 de maio de 2012

A PALAVRA


A PALAVRA


I

É engraçado como se perde
o sentido de uma palavra
ao se repetí-la
em exagero e vãmente.
Palavras têm poder,
mas a palavra guardada
tem mais poder
do que a palavra dita. 

II

Era uma vez um homem.
Um dia esse homem
pronunciou uma palavra
que nunca havia pronunciado antes.
Ao fazê-lo, o homem deu nome
ao outrora inominado.
A palavra, uma vez dita
tornou-se um invólucro,
um receptáculo.
Depois, produzida em massa
e usada para esconder
conteúdos dos mais diversos,
a palavra perdeu sua essência
e todo seu poder.
E as eras a cobriram de poeira.

III

Agora eu sou.
Eu sou um homem diferente,
mas de certa forma
aquele mesmo homem.
Sinto uma coisa, um desejo,
tenho uma ideia, uma visão.
Preciso dar um nome a isso.
Preciso de uma palavra
que ainda não foi dita.
Uma palavra
que não sirva para isso,
mas que o seja, e...
É então que ela vem.
Não a conheço,
mas sei que a chamo.
Sim!
Eu tenho uma palavra não-dita!
Mas que palavra é essa
que eu tenho?
O que é...

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